terça-feira, 17 de janeiro de 2012

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Minha história é pouco confusa para as pessoas que não entende muito bem o real significado da palavra amor ou que nunca viveram tal situação em suas vidas. Talvez tenham vivenciado alguma paixão mais não um verdadeiro amor. Um amor igual ao meu que quebrou barreiras, que esteve além dos limites da compreensão humana entre dois mundos: os dos mortos e dos vivos.
Acredito que oque ocorreu comigo tenha acontecido também com outras pessoas não sei, só sei que quando se ama verdadeiramente uma pessoa nada interfere nessa sensação única do universo, mesmo após uma tragédia.
Nasci na cidade de Manaus capital do estado do Amazonas no Brasil e no mesmo dia em que vim ao mundo nessa cidade um bebezinho chamado Laura também estava nascendo na mesma maternidade, diferença de 4 horas do meu nascimento para o dela, onde eu nasci as 18h00 em ponto e ela as 22h07 do dia 10 de Outubro de 1986.
Minha mãe colocou meu nome de Luciano em homenagem ao seu irmão que morreu a dois anos antes de meu nascimento em uma pescaria com meu avô no interior do estado. Nunca soubemos oque realmente aconteceu naquela noite de pescaria de 84, apenas que ele desapareceu ao mergulhar no rio Negro para remover algumas plantas e cipós enrolados na hélice do motor de popa.
Meu pai era um policial militar da capital que conheceu minha mãe em um arraial de São João que ocorria na cidade no mês de junho.
Certa noite ele me contou que foi sem dúvida um amor a primeira vista e que não êxito em momento algum de ir até ela tentar conhece-la, mesmo ela estando acompanhada de minha avó e de mais duas tias minhas.
Minha mãe era bastante bonita, sem dúvida uma das mulheres mais bonitas naquele momento no arraial.
Ela tinha 25 anos e era a caçula de uma família de cinco irmãos, três mulheres e dois homens.
Seu nome era Maria Santos e estava no último ano de economia na Universidade Federal do estado e trabalhava em uma indústria no famoso Pólo Industrial de Manaus o PIM, na época como montadora de uma fábrica japonesa de motocicletas mas já procurando algo melhor para sua vida, uma vez que já estava concluindo o curso superior.
Minha avó materna era antes de se casar com meu avô uma agricultora ou pode se disser uma camponesa. Morava no interior da capital numa cidade chamada Tefé ajudando seus pais na plantação e colheita de frutas e verduras. Viviam únicos e exclusivamente da terra, tudo que precisavam pra sobreviver vinha da terra e do grande Rio Amazonas.
Minha avó se chamava Hilda Santos e quando se casou com meu avô vieram morar na capital para buscar crescimento financeiro objetivos em suas vidas.
Compraram uma casa na zona sul de Manaus num bairro que estava iniciando seu processo de infra-estrutura que posteriormente se chamaria bairro do São Francisco.
Era uma casa bem simples para um casal que estava acabando de se casar, era de alvenaria e devia ser de metragem de 6 x 10 não me recordo muito bem. Recordo-me apenas que quando era criança lá pelos meus 8 ou 9 anos achava aquela casa tão grande, com escadas enormes e portas de vidros gigantescas, sem contar com o corredor de entrada que parecia mais um túnel para outra realidade. Como seria legal voltar a esse período em minha vida, onde eu e meus primos Samir, Diego, Hugo e Matheus só queríamos saber de disputar entre si quem era o melhor em todas as brincadeiras. Pena que minha máquina a essa hora já deva ter sido destruída, pois se não tivesse já teria voltado para esse período também.
     Meus avôs montaram um pequeno lanche no centro da cidade, o lanche da Hilda que ficou bastante famoso nas redondezas do local e foi através desse lanche que meus avôs maternos criaram e sustentaram seus cincos filhos durante tanto tempo.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

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Não tenho muitas informações sobre meus avôs paternos uma vez que não eram do Amazonas, eram do Ceará, estado que fica ao nordeste do país. Só sei que eles eram pescadores e moravam com seus outros filhos em Fortaleza.
Meu pai sempre mostrou para todos que era um homem integro e sério e que ele gostaria muito de ser o namorado da senhorita Amanda Santos de Souza.
Ambos estavam em uma faixa etária de 25 anos e depois do aceite de minha mãe e principalmente a aprovação de meus avós maternos, começaram um compromisso sério, onde meu pai praticamente todas as noites ia buscar sua amada na porta da faculdade com sua pequena moto. E porque não com um vinho na mão e duas taças? Ele era bastante romântico, toda vez que ele pudesse fazer algo criativo para ela, ele fazia. Ele sempre buscava agrada-la de alguma maneira.
Acredito que puxei esse meu lado romantico um pouco de ambos, pois os dois eram bastante românticos, sempre preocupados com o bem estar do outro, buscando se envolver com seus problemas e alegrias.
Certa tarde minha mãe me contou que ele fez uma surpresa a ela, algo que me inspirou bastante na surpresa que fiz a minha amada também.
Ela se lembra que quando acordou de manhã cedo no dia do seu aniversario, o quarto dela estava repleto de flores, por cima da cama, nos armários, no banheiro, na mesa de estudo, enfim em todos os cantos do quarto dela tinha rosas.
O meu pai ficou bastante endividado fazendo essa surpresa, mais pra ele valeu a pena, minha mãe ficou extremamente feliz por essa atitude.
Outra surpresa que ele aprontou para ela foi o dia em que ele tentou tocar uma música em um violão na frente da casa dela. Cantou bem mais toucou muito mal... ela adorou a atitude e ele mais uma vez ficou endividado por comprar o violão a prazo de um amigo seu.
Meu pai era bastante humilde mais procurava ser o melhor namorado do mundo para minha mãe...
Era bastante visível o amor entre o dois, todas as pessoas ao redor viam isso.
 Nesse período de sonhos, declarações de afeto e planejamentos que o casal estava vivendo, foi o momento em que minha mãe ficou grávida de mim. Eles não esperavam por essa agradável notícia, uma vez que seus planos de terem filhos era somente para depois do casamento.
Mesmo não esperando esse filho a alegria foi imensa em toda casa de minha mãe. Meus avós fizeram uma grande festa para comemorar essa notícia e minhas tias não ficaram para traz, preparam uma churrascada de picanha e costelas com muito refrigerante baré. Chamaram todos os vizinhos conhecidos e passaram a noite toda comemorando a alegria do primeiro sobrinho da família Santos de Souza.
Era tanta alegria que era possível ouvir o barulho do brega e das gargalhadas dos meus parentes a uns 20 metros de distância, sem falar no cheiro de cerveja e cigarro.
Os pais de Luana eram diferentes dos meus, a sua mãe vinha de uma família bastante rica na cidade, ela era filha de empresários no ramo de metalúrgica. Sempre fazendo serviços para o governo do estado.
Moravam no bairro da Ponta Negra, um dos bairros mais nobres que existia naquela época.
O único ponto em comum entre nossas famílias era a amizade profunda de sua mãe dona Anita Silva Bastos com minha mãe Amanda.
Elas se conheciam desde crianças, pois como a cidade ainda estava se desenvolvendo, havia poucas escolas na cidade, então tiveram que estudar juntas no centro da cidade na Escola Estadual do Amazonas.
Desde o ensino infantil ate a conclusão do antigo ginásio, elas estudaram juntas, alimentando sonhos, tristezas e alegrias, sempre unidas.
Anita sempre foi a mais brincalhona das duas e minha mãe sempre a mais tranqüila.
Certa vez aconteceu algo que mostra bem como elas eram cúmplices uma da outra. Isso aconteceu no primeiro ano do ginásio:


domingo, 15 de janeiro de 2012

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MANAUS: 13/11/1975 (Hora: 9:15 AM)
ANITA- Dinha não vou poder fazer a prova de química hoje.
MAMÃE- Por que Anita? Esta bêbada de novo srsrrsrs? Espero que tenha uma boa desculpa pra não fazer a última prova do ano de química.
ANITA- É o seguinte mana: ontem passei o dia todo na praça central com o Afonso e com a Karla e se você não lembra, faltei aula ontem. Fora que só fui chegar em casa a noite, inventando mil histórias para os meus pais.
MAMÃE- Puts Anita, mas isso não é motivo pra você não querer fazer essa prova, uma vez que agente vem estudando desde o início do bimestre esse assunto, não será problema pra você.
ANITA- Por favor amiga me ajuda!! Eu sei que deveria saber esse assunto todo, porém, não estou preparada psicologicamente para fazer essa prova. Se me de mau fico para recuperação automaticamente. Sabe que meus pais não me perdoariam se isso acontecesse. Lembra também da viagem de férias que não podemos perder.
MAMÃE- Caramba Anita, daqui a 1 hora é a prova com a professora Joaquina, pense numa velha chata pra caramba! Você quer que eu faça oque por você?
ANITA- Então, preciso que eu e você simulemos uma briga...
MAMÃE- Oque!? Como assim?
ANITA- Uma PORRADA entre eu e você Dinha.
MAMÃE – Tá de brincadeira garota...
ANITA- Dessa forma agente somos expulsas da sala pela linda e querida professora Joaquina e vamos para a diretoria da escola, inventamos uma história pro diretor e para nossos pais e pagamos para fazer a prova de segunda chamada daqui a uma semana, oque acha?
MAMÃE- Acho que você bateu sua cabeça em algum lugar, não sei se vou aceitar isso, levaria uma surra da mamãe pela advertência na escola.
ANITA- Vai lá Amanda é minha vida e nossas férias que estão em jogo nesse momento, preciso de outra chance pra estudar pra essa prova, oque é uma porradinha da mamãe em relação a uma recuperação?!!! Em poxa ,pensa em tudo que já te ajudei e já assumi por você nesses anos todos que nos conhecemos...
MAMÃE Vou fazer não por você, mas pela viagem de férias ao Rio de Janeiro.

       Mamãe realmente não teve escolha naquele dia, precisava de Anita para viajar e conhecer o Rio de Janeiro, então aceitou a proposta da melhor amiga.
As duas simularam perfeitamente a briga, colocando o motivo principal no “ciúme doentio’’que minha mãe possuía pelo tal do Afonso. Assim ficando com muita raiva da Anita ao saber que eles tinham saindo juntos um dia anterior.
As duas conseguiram fugir da prova de química naquele dia. Fingiram esta com raiva uma da outra durante uma semana. Mamãe levou a porrada de minha avó pela advertência da escola, mas assim como a professora Joaquina e o diretor da escola, minha avó também não engoliu a mentira de que as duas amigas tinham brigado por causa de homem (eram unha e carne desde crianças – todos viam isso).
Passado essa situação, ambas conseguiram a aprovação e foram curtir as férias de final de ano nas praias de Copacabana.
Anita da Silva Bastos era filha única de seus pais, tinha tudo oque queria e era bastante inteligente também, jamais tinha ficado para recuperação na escola.
Era branca de cabelos castanhos claros bem enrolados, quase loiros, tinha olhos verdes e um corpo bem atraente com uma cintura bastante fina. Possuía algumas sarnas no rosto e adorava fugir da aula para namorar com o tal do Afonso. Não era muito alta, tendência era puxar seu tamanho ao de seu pai, que era baixo.
Gostava de jogar bola com os meninos na quadra e fofocar muito com a Amanda.
As duas faziam tudo juntas: brincavam de bola, estudavam para as provas, faziam trabalhos juntos, fofocavam da vida dos outros, soltavam pipas e de vez enquanto dormia na casa de uma ou da outra.
Seu sonho era ser advogada, morar em São Paulo, casar com o Afonso Delavega e ter muitos filhos.
Mamãe era branca de cabelos lisos e pretos, era da mesma altura de Anita, porém era mais forte fisicamente que a amiga. Gostava das mesmas coisas que ela. Era mais estudiosa. Queria trabalhar em uma grande empresa e se formar em economia. Gostava muito de números e cálculos.
O tempo foi passando e chegou o dia da formatura das amigas inseparáveis.
O dia em que ambas iriam se separar para seguir suas próprias trilhas na vida.